Coordenador Nacional da Câmara de Engenharia Civil aponta rumo para melhorias da modalidade e espera maior participação dos profissionais no sistema
-
Acessos: 1364
Acontece durante esta semana, entre os dias 07 e 09 de agosto de 2019, em Florianópolis-SC, o 25º Congresso Brasileiro de Engenheiros Civis. Participante do evento, o Conselheiro do CREA-PA e Coordenador Nacional da Câmara Especial de Engenharia Civil do Confea, o Engenheiro Civil Carlos Eduardo Domingues e Silva, falou da falta de uma participação maior dos profissionais no sistema.
- A Engenharia civil brasileira tem em torno de 360 mil profissionais. Ano passado, o CBENC foi em Belo Horizonte. Só lá existem cerca de 120 mil engenheiros civis. A plateia tinha pouco mais de 200 pessoas e, dessas, cerca de 90% eram de fora do estado. Isso dá uma tristeza grande. Aqui em Santa Catarina há cerca de 27 mil engenheiros civis e apenas cerca de 50 estão aqui. Qual a explicação para isso? Qual o motivo para não conseguirmos penetrar na alma desses profissionais, para trazê-los a um evento magnífico como esse, com palestrantes de alto nível, para discutir tanta coisa importante na nossa profissão? Um trabalho realizado de meses, que teve uma grande divulgação. Nós temos que ver onde é a falha do sistema para cobrir isso, para poder trazer o profissional para dentro do sistema, para que ele participe e ajude. Não há uma renovação no sistema, mesmo que todo ano sejam formados 40 a 50 mil novos profissionais. E ela é necessária. Cadê essas pessoas? – desabafou o engenheiro civil.
O Conselheiro Carlos Eduardo também fez críticas à forma como os novos profissionais são colocados no mercado de trabalho, o que muitas vezes pode justificar uma insatisfação geral destes para com a engenharia civil. Isso acontece num momento em que a modalidade passa por grandes desafios que envolvem, inclusive, a obrigatoriedade do registro junto aos Conselhos e a luta pela manutenção do piso salarial previsto por lei. Segundo ele, é justamente nisso que está a importância dos profissionais participarem mais de perto do sistema Confea/CREA.
- A crítica existe em qualquer lugar, não é só na engenharia. Em todas as profissões existem os bons e os maus. Não era para existir essas pessoas, mas existem. Os médicos tem, os advogados tem, a engenharia também. Temos que tentar através do estado, através dos empresários donos de faculdades, investir no profissional, não no lucro. Investir neste profissional, para que saia capacitado para trabalhar na sociedade e não denegrir a imagem da engenharia. A cultura nossa, infelizmente hoje, acaba sendo de ‘se formar para ir para a rua e ganhar dinheiro’. A situação econômica do país faz com que muitos profissionais e muitas faculdades pensem isso, colocar gente na rua para ganhar dinheiro. Aí, algumas vezes, o profissional chega e não está preparado – disse.
Para Carlos Eduardo, o caminho para uma engenharia civil melhor está na formação dos novos profissionais e no acompanhamento deles quando ingressam no mercado de trabalho. Além disso, é necessário que haja rigor na cobrança do que prevêem as leis que regem a profissão.
- É necessário que o egresso, quando vem das faculdades, tenha gente para orientá-los sobre o que vem pela frente. Hoje o profissional se forma, vai para o CREA, pega sua carteira e vai para o mercado do trabalho. As vezes ele não conhece as leis que regem a profissão, não sabe obrigações, deveres. Ele quer faturar, ele quer viver, quer ganhar dinheiro. Então a base é essa. A lei tem que ser rigorosa e cumprida, para punir quem não quer trabalhar direito. Enquanto não acontecer esse trabalho lá em baixo e a lei cumprir o que ela tem que fazer, continuará assim - concluiu.
Também em Florianópolis-SC para participar do CBENC, o Presidente do Confea, Engenheiro Civil Joel Krüger, falou da importância de um sistema Confea/CREA fortalecido, se referindo a todas as modalidades abrangidas pelo sistema.
- Tenho certeza de que a engenharia civil estará sempre à disposição do Brasil. O Sistema Confea/CREA e Mútua, os nossos um milhão de profissionais e as nossas 300 mil empresas de engenharia nas diversas modalidades que nós representamos estarão sempre defendendo a soberania nacional, defendendo o nosso capital tecnológico, defendendo a valorização das nossas profissões, dos nossos profissionais e as empresas brasileiras, sejam públicas ou privadas - ressaltou o presidente do Confea, engenheiro civil Joel Krüger.